A eletro-recepção permite ao golfinho detectar pequenos campos elétricos emitidos pelas suas potenciais presas, segundo revelou um estudo alemão levado a cabo sobre um espécime em cativeiro. O estudo foi recentemente publicado na Proceedings of the Royal Society B. Já se conheciam os cinco sentidos deste mamífero: a visão, o toque, a audição, o paladar e a ecolocalização (capacidade biológica de detectar a posição e/ou distância de objetos), em substituição do olfato. Esta última característica permite-lhe, tal como aos morcegos, servir-se do eco do seu grito ultra sônico para cartografar o seu meio envolvente.
O sistema nervoso olfativo destes animais desapareceu, mas uma equipe de investigadores alemães acabou de mostrar que o golfinho da Guiana francesa dispõe de um sexto sentido – a eletro-recepção –, dotando-o de capacidade de conseguir captar objetos que libertam um campo elétrico, tal como a grande parte dos seres vivos.Quando um dos dois golfinhos da Guiana do Dolphinarium de Münster morreu, os biólogos procederam à sua autopsia e decidiram analisar as suas “criptas vibrissais”, uma espécie de bigode em volta do nariz. Enquanto dissecavam o animal, não encontraram nenhum pêlo debaixo da pele, mas uma espécie de muco semelhante ao dos ornitorrincos.
Esta substância confere aos mamíferos ovovíparos um sistema de eletro-recepção bastante desenvolvido. A equipe do Dolphinarium d'Allwetterzoo Münster seguiu a pista e, após uma série de testes efetuados, tentaram perceber se o Paco (o segundo espécime ainda vivo) conseguia detectar pequenos campos elétricos. A experiência foi bem-sucedida, mas quando decidiram isolar parcialmente a cabeça do animal, perceberam que a sensibilidade de captação desaparecera. A conclusão aponta para o convincente papel das criptas vibrissais como importantes na detecção de estímulos elétricos. Sendo assim, o golfinho é o primeiro animal que não põe ovos que é dotado desta capacidade. Contudo, a eletro-recepção é ainda um sentido muito primitivo. A lampreia, um dos peixes mais arcaicos, tem-no, por exemplo. O tubarão, sendo quase cego, é também dotado deste sentido para poder caçar, assim como outros seres vivos privados de outras habilidades. Esta capacidade faz do golfinho da Guiana uma espécie privilegiada.
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